O corpo em estranhos bailes
arrebentou contra a calçada.
Descido das nuvens de álcool
e de uma realidade vaporosa
para um mundo sem graça
esse corpo estatelou contra o cimento,
compondo uma cruz na esquina.
Crucificado pelo tédio e indiferença
o corpo adormeceu leve e tranquilo
desapercebido das chagas abertas
e do riso escarninho dos passantes.
O cão negro e estranho vindo
de outras épocas e passados
estacou com seus dentes brilhantes
e montou guarda para que o homem
pudesse carregar sua cruz.
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