No começo era o verbo
e foi uma falação sem fim,
um palavrório de burburinho
até que se fez o homem
e a palavra nada pôde a partir daí.
Foi um reganhar de dentes infinito
e mesmo aprendendo a falar,
alfabetizado nas artes do verbo,
os homens continuaram contendas.
Hoje o verbo domesticou os homens
na arte de sonhar e ninguém imagina
sem palavras o mundo dos desejos
e são tantas palavras que deu de nascer
gramáticos e dicionaristas
para domar os sonhos nas artes corretas
das fantasias descritas.
É por isso que os homens se isolam
em seus mundos únicos feitos gaiolas
incapazes de com as palavras opressoras
sonharem juntos a liberdade do verbo.
Então, nada mais se fez e o homem
continua sozinho em solilóquios
com o verbo que aprendeu a delirar.
sexta-feira, 28 de abril de 2017
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