Não cuidei que houvesse entre eles
ainda o desejo das mãos entrelaçadas
e os olhos em fagulhas dos fogos iniciais,
mas estavam ali, congelados pelo tempo.
Estátuas de praça pública, o casal
vendia, como florista, seus amores
aos transeuntes dispersos.
A idade deles era desconhecida,
os sulcos fundos nos rostos davam
aos clientes do bar pouco frequentado
a sensação de contemplar uma escultura
em madeira talhada por índios de uma tribo perdida.
Alguns até tocavam neles em atitude santa
e acreditavam herdar nesse gesto um amor igual.
Muitos ficaram ali, sempre na esperança
que algum dia outro casal, desavisado, viesse libertá-los
e assumissem o cárcere do amor que os condenou.
sábado, 1 de abril de 2017
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