terça-feira, 26 de maio de 2015

As palavras estão por toda a parte
mas quando penso no poema
elas se ocultam sob o papel
tenho de garimpá-las na superfície
branca da terra prometida de ouro,
alegrias invisíveis do leite e mel sonhados.
A fé não deixa morrer o poema,
peneiro intertextualidades, interlocutores;
escrevo para alguém incerto nesse deserto.
Tenho a febre das metáforas, das sinédoques,
dos arcaísmos fugitivos que descem pelos rios
das linhas, arrastados pela correnteza.
Só esbarro em pedras, areia e calhau,
o ouro das palavras corre longe
de meus dedos gastos e calejados.
Mas a febre do poema me queima
a fronte em dias e noites desperto
na mina da folha em branco.
O poema é meu deserto e minha Canaã
meu crime e minha redenção.



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