Sempre a vida nesse meio tom
aquele temor do vazio
aquela desilusão após o coito
aquela dor após o gozo
aquela obrigatoriedade do amor
aquela incerteza da morte
aquela incerteza do após a morte.
Sempre o medo: da solidão
do Outro, de nós mesmos,
o medo de mudar, de se arrepender.
E essa vida que passa, que se arrasta
em direção ao nada, ao vazio.
A certeza que a morte finda a vida,
a incerteza do tempo da eternidade.
A vida é esse copo pela metade
é esse copo que só se esvazia
e escorre em direção do nada.
Vivemos esse eterno ensaio de voo
que nunca alcança as alturas
em que o bater de asas é um mero
grito de agonias caladas
desse tempo que chamamos vida.
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