Bebi as palavras melífluas que da tua boca
destilavam em cada doce sílaba
a promessa de um azul celeste encantador.
Cedi a cada dose, a cada promessa de cálice
que nunca terminava de derramar
em meus lábios a flor macia hiante
marcada a ferro de escravo em meu desejo.
Sedento de um líquido que me soava à vida
converti-me em teu animal de estimação.
Afável a teus caprichos e desdéns
comia as bolotas parcamente que
escorriam de teus dedos de cera branca.
Mas um dia, despertei do sonho e quando
pensava que em ti cravava a espada da vingança
percebi-me em teu leito e aquilo que tanto
negaste à força do teu volúvel caráter
cedeste, de repente, por vontade e leviandade
deixando a mim a porta do chiqueiro aberta
para que partisse ou ficasse e por vontade
me prendi mais um ano a esse leito de compensações.
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