Não me envergonho mais das palavras
elas saem despudoradas de mim
e se atiram contra o papel
essa materialidade na qual insisto
em esculpir essas formas verbais
semelhantes à poesia na vibração
do tempo eterno das repetições.
Repito a palavra incansavelmente
até convencer-me de que é poesia
até que as articulações gaguejem
um som primitivo, grunhido sagrado,
totem de mim e tabu para os outros.
Assim, dispo as palavras nesse incesto
de pai amoroso, devorante do verbo
parido no sofrimento da própria carne.
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