Toda mulher tem seus dias de raposa:
renegada em seus brios despreza
as uvas mais belas das vinhas de Salomão.
Mas tem seus dias de enredadeira;
girando em dedos ágeis os bilros
tece a rede de zelosos cuidados.
Aranha negra, audaciosa, viúva de
teias incandescentes ja foi luz e treva
para muitos machos no cio desavisados.
Hoje em que repousa na idade
chora em túmulos vários, em cemitérios desertos,
tanto as uvas pretensamente desprezadas
quanto os homens a quem serviu de últimas vestes.
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