Lyon corre ligeira sob meus pés,
bolhas e calos levantam-se em protesto
e os meus pés mudos cubistas
 queimam ao sol do
meio dia,
sabendo que o fim da jornada ainda tarda.
Lyon corre indiferente sob meus pés 
e aos meus olhos ninguém pode ver.
Angústia, tristeza e felicidade são detalhes 
que não interessam ao alienígena que passa
ao lado, com suas preocupações francesas 
da baguette e do petit déjeuner.
A vida como uma serpente negra sinuosa
segue quente sob meus pés.
A cabeça é um sol escaldante e ainda acesa
queima milhares de arquivos indesejados.
Lyon dorme quente sob meus pés 
sinto seu corpo nu escaldante 
e vivo a sensação do eterno bonjour,
que se encerrará às nove da noite,
quando ainda há um sol sobre minha cabeça
e nem todas as estrelas da noite poderão apagar
de meus pés cansados o corpo nu e quente de Lyon.
 
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