sábado, 29 de setembro de 2018

Paraná-Paris


Em 2012 quando mudei para a cidade de Maringá, no estado do Paraná aconteceram muitos episódios curiosos. Todos demonstravam o desconhecimento que as pessoas têm em relação ao território paranaense. A primeira coisa que ouvi foi: “lá é muito frio, você vai congelar”; “já comprou blusas?” “Você vai ficar sem ver o jogo do seu time preferido, eles não gostam de paulistas” e por aí vai.

Além disso, descobri que para o mundo lá fora, no qual eu ainda estava, mas em fase de transição: Maringá não existia, assim como Londrina, Ponta Grossa, Cornélio Procópio, Santa Mariana, Matinhos, Paranavaí, Cascavel, Foz do Iguaçu, Colombo, Toledo e muitas outras cidades. Eu estava de mudança para o Paraná, este estado desconhecido por muitos, ignorados por outros e lembrado, muitas vezes, pelo fato de os Curitibanos serem fechados demais.

Mas, a rigor, não moro em Maringá, moro no Paraná. Minha mãe mesmo quando perguntada onde está o filho mais novo, responde: “ah... agora ele mora no Paraná”. Para piorar a situação, estou eu de passeio por terras paulistas e ao assistir o jornal Nacional, o Hoje, a Band, a Record, todos os repórteres se referem ao Paraná: prefeito é preso no Paraná, advogada é morta pelo marido no Paraná, acidente na 376 mata 20 no Paraná. “Ué, Paraná não tem cidades?

Já instalado em Maringá, nada melhor do que ver os jornais locais e conhecer a cultura do estado. Logo descubro um jornalista local, pronto para ascender a repórter de rede nacional pela Globo. Mas, ainda no seu sabor local, chamava-se Wilson Cereja, veja que belo o sobrenome: Cereja. Cereja, porém, é fruta demais para o jornal de âmbito nacional e em pouco tempo, temos o jornalista, imponente, com seu microfone em mãos com mais uma matéria, produzida pelo agora, então, Wilson Kirsche.

Ainda bem que tem o “Plug” todos os sábados e com uma simpática repórter paranaense (risos...) apresentando as cidades do Estado para nós. Amei conhecer lanches, rios, cachoeiras, as bebidas, as capelas, as praças, os imigrantes que construíram esse estado chamado Paraná.

Vejo que me alongo demais e ainda não expliquei por que Paraná-Paris. Logo ao chegar à França, mais propriamente à cidade de Lyon, algumas pessoas voltaram a falar comigo e outras se afastaram também. Algo não mudou: quando digo que estou na França, vem logo a pergunta: você está em Paris. Ao responder Lyon, o interesse diminui e o diálogo encurta ou recebo um conselho de amigo: não deixe de conhecer Paris, quase dado ao pé do ouvido.

Percebi, então, que não se vem à França, vem-se a Paris, o que foge disso não interessa às pessoas. Claro, em algum momento irei a Paris e aí minha viagem ganhará novos contornos e, finalmente, terei feito a conexão Paraná-Paris tão esperada e sonhada pelas pessoas. Viva o Paraná, viva a França. O “Plug” que me aguarde.

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