As palavras sofrem no silêncio do poeta,
lhe fazem companhia nas noites mudas
quando os corpos dementemente dormem
e os olhos fechados ensaiam a morte.
Nesse ensaio espectral, cada corpo
da casa se transforma em prisão
e veem-se os encarcerados em rebelião
querendo romper as janelas e as portas.
O poeta contempla os corpos contorcionados
no pesadelo anunciado pelos gemidos.
Sente dó dessa legião de condenados
que crê em libertação, sem saber
que vive apenas na plenitude do sonho,
nas horas das ausências das palavras,
enquanto os corpos dormem e o poeta
só tem a lembrança das vozes por companhia
na vigília insone de todas as noites.
Nenhum comentário:
Postar um comentário