quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A quem não veio, mas já se foi

Abracei tua ausência muda e serena
e aconcheguei-te em meus braços
pequeno veludo macio, ainda sem rosto,
ainda sem nome, somente vida pulsante.

Agora sei - triste mágoa - jamais te verei,
apenas correrás em meus sonhos
e dirás a palavra que a vida interditou.
E de tua pequena mão, enorme universo,
jamais sentirei o afago acolhedor
dos risos sem motivos, dos choros inexplicáveis.

E tu és sem nunca ter sido, ser indescrito,
sem face, sem sexo, tão dono de si,
tão livre das amarras desse mundo
simplesmente feliz por não ter visto esta terra.
Não! Não! Não farias o mundo melhor,
não quero que te iludas com promessas vãs.

Mas meu mundo seria outro, ao ouvir
de ti, voz ausente, a chamar-me pela
palavra proibida que não ouso dizer [...]

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