Doce mistério das horas
preso na caixa de metal.
Teus ponteiros consomem meus dias
somam dias e noites
marcando horários, regulando agendas
descontando dos meus dias
a estrada que percorro na vida.
Seduzem-me tuas setas certeiras
cravando minutos e horas
nesse pequeno globo de aço.
Teus giros isolados, quase mudos
têm o poder de girar o mundo.
Antes que eu nascesse já existias
e na minha certidão de nascimento
alguém eternizou a hora exata
em que assomei do ventre ao mundo.
Marcarás a hora de minha partida
mas neste ponto dividimos a mesma fraqueza
não conhecemos a hora derradeira
e restarás a ti apenas o mero ato do registro.
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