terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Driblei a dor em sua dura constância,
pigarreei aquele travo de amargura azeda
acremente preso no fundo da garganta
por décadas de sofrimento alheio.

Encontrei as ruas limpas e vazias
e flanei leve em direção ao nada;
anjo de mim mesmo, em voos lúgubres
visitei casas e contemplei flores.

Acima das nuvens - anjo vadio - atirei pedras
em polidos e brilhantes telhados de vidros
vendo seus donos choramingar os cacos.

Destelhadas as aparências brancas alvacentas
o grosso sangue rubro correu pelas calhas metálicas
embelezando o concreto das sarjetas em seus reflexos.

Nenhum comentário:

  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...