Driblei a dor em sua dura constância,
pigarreei aquele travo de amargura azeda
acremente preso no fundo da garganta
por décadas de sofrimento alheio.
Encontrei as ruas limpas e vazias
e flanei leve em direção ao nada;
anjo de mim mesmo, em voos lúgubres
visitei casas e contemplei flores.
Acima das nuvens - anjo vadio - atirei pedras
em polidos e brilhantes telhados de vidros
vendo seus donos choramingar os cacos.
Destelhadas as aparências brancas alvacentas
o grosso sangue rubro correu pelas calhas metálicas
embelezando o concreto das sarjetas em seus reflexos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário