quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Meu rosto resiste às definições;
as sobrancelhas: duas interrogações
a fazer sombra sobre meus olhos
denunciam a insuficiência de meu nome,
ordinário registro de certidão a certificar
uma existência certa, mas de caminhos
indefinidos, não imaginados pelo papel.
Não esperava pela pergunta ao
longo do caminho sinuoso dessa
temporalidade marcada em anos.
A pergunta tão fácil, tão simples, tão certa
em sua trivialidade, respondida inúmeras
vezes ao telefone e nas repartições;
mas ela veio como uma adaga
separou a medula, as juntas, a alma
e interpelado por um "quem é você"
certifiquei-me da incapacidade de 
meu nome relegado aos sons de um
significante oco de significados.

 

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