O palhaço com seus malabarismos
no farol, tendo a faixa de pedestres
como palco e o sinal vermelho como luz
esborrachou-se no asfalto quente.
Seu salário de moedas espatifou-se,
tocando a única canção fúnebre
executada em seu velório.
A multidão expectante de motoristas
esperou o palhaço se levantar;
e no silêncio sepulcral não
perceberam que seu coração
explodira como rojão em dia de São João.
Quando o farol abriu, ninguém viu
a última lágrima arlequinal escorrer
pela face muda e triste do palhaço;
quem sabe saudade de Colombina,
quem sabe esperava o adeus daquela mina,
que arrancou com o carro em alta velocidade.
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