Nunca escrevi cartas nem as recebi.
Na infância desejei escrevê-las,
porém, no pequeno mundo que encerra a inocência,
não conhecia pessoas.
Pai, mãe e irmão para mim
não eram pessoas, eram seres domésticos.
Quando os portões se abriram,
conheci pessoas e definitivamente perdi
a vontade de escrever cartas.
Jamais recebi uma carta de amor,
tampouco as enviei.
Não colecionei selos
nem envelopes coloridos ou perfumados.
Não participei da ansiedade de esperar
no portão o carteiro pedalando sua bicicleta.
O homem de calça azul e camisa amarela
à minha porta, traz correspondências banais.
E quando me perguntam: Quem era?
Respondo molemente: Ninguém! Só o carteiro.
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