quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Maringá, capital nacional do escorregador de papelão

Há pouco tempo discutia-se na cidade de Maringá qual seria o prato típico. Discussões não muito acaloradas decidiram pelo "dogão prensado". Confesso que não vi muito sentido, mas vá lá, cada um sabe onde lhe aperta o pé.

Para mim, o que representa o maringaense é o papelão para escorregar ao redor da elevação onde está  o estádio de futebol Willi Davis. Famílias inteiras se reúnem aos sábados, domingos, feriados, e também nos fins de tarde para escorregar sobre o papelão.

Alguns trazem o apetrecho de casa. Debaixo do braço chegam as caixas de papelão que logo são rasgadas e transformadas em pranchas para descer a encosta. Mulheres, jovens, crianças, adolescentes, todos disputando espaço para escorregar.

A atividade é um espetáculo. Alguns comem um pouco de grama, o papelão escapa no meio do caminho e saem com a bunda suja de terra e grama, outros trazem papelões  maiores e seguram as pontas com as mãos fazendo uma espécie de carrinho que lhes guia na descida, há quem desça de peito, enfim, a descida é livre.

Pais levam seus filhos bem pequenos e os incentivam a perder o medo da descida. Descem juntos, ficam embaixo agitando os braços e dizendo: "vem" e quando o filho desce todos aplaudem. São felizes com um pedaço de papelão e isso faz o maringaense de modo natural, sem classe social específica ou luxo qualquer. Todos irmanados na mesma brincadeira e ali a felicidade simples reina.

Isso prova para nós que além dos luxos de celulares caros, brinquedos eletrônicos, tablets, Iphones, tudo isso é dispensável. O maringaense sabe ser feliz com pouco e aqui não vai nenhum preconceito na afirmação, apenas a constatação de que a felicidade pode reduzir-se a um pedaço de papelão trazido de casa ou emprestado a alguém que acabou de descer.

Fica, então, o convite para a descida. Escolha a sua caixa de papelão, o lado da encosta favorita, afinal há morro do dois lados do estádio e faça sua descida, é grátis e o sorriso de felicidade no rosto das pessoas é impagável.


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