quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Ao meu perdido avô africano

De que argamassa foram feitos teus braços
que não puderam abraçar teus netos?

Por que te perdeste na árvore genealógica
e teu sopro nunca alevantou 
as mechas dos cabelos das crianças?

Ah.... pedaço de pau preto
foste excluído das conversas alegres,
restando-lhe o burburinho das vozes cegas
sussurradas aos ouvidos.

Quando te escapaste dessas armadilhas
e pousou tua biografia escura em meus ouvidos?


Não sei de que matéria foste feito
apenas sei que um dia brilhou tua pele negra
e como aurora de sorriso largo,
que nunca vi, iluminou a pele
que estico sobre meus ossos.

A este avô não biográfico 
é que canto meus versos vazios
do verniz que brilha
no ébano de minhas origens.

Nenhum comentário:

  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...