quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A vida em desregramentos

A regra não aceita o desvio
exige o padrão absoluto
dos pensamentos retos, nunca indiretos
dos itens contratuais entre os homens.
Mas [...] rompi os contratos, quebrei
as alianças arranhadas pelo tempo.
As janelas de minha casa encenam
mosaicos de santos quebrados,
rotos, rasgados em sua estranha
virgindade das adorações estrábicas.
Profanei as expectativas alheias
com a mesma atitude santa
dos crentes diante da cerimônia
do corpo e do sangue, preferindo
meu cálice ao da inalcançável
promessa para as almas da regra.
O meu caminho não é largo,
tampouco estreito ao ponto de não
aceitar o vale de sinuosidades
das rotas estabelecidas para a viagem.
Sou assim, filho de Raabe
disposto a abrir as portas
para a estrangeira e fazer de meu canto
coito de espias e andarilhos.
Por descaminhos e na arte das desregras
pintei meu calvário e também
soube, entre quedas, carregar minha cruz.

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