sábado, 6 de junho de 2015

Calei as saudades nas cordas vocais
não deixei que elas vibrassem os acordes
plangentes causados pela ausência.
Encerrei a dor no peito com cadeados
deixei que me dilacerassem a alma
os aguilhões afiados dessa vida vazia
de tua presença espectral a me perturbar.
Esses olhos sorumbáticos postos no horizonte
visto por muitos como meu porte de sábio
é o disfarce da dor a que me obrigo ocultar.
Clandestinas a dor e a ausência guerrilheiras
declaram guerra armada contra meu senso.
Fugi de mim, fechei-me no olhar mudo
e me neguei a comungar desse mundo
que se nutre de carências e penas cotidianas.
Por isso, eu, homem estátua, engessado, há anos
contemplo do mesmo banco, esculpido pela saudade
mudo e calado a transição lenta das horas.

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