quinta-feira, 4 de junho de 2015

A mais um janeiro no Rio

As casas escorreram pelas ruas
os relógios desfizeram as horas
trabalho e dedicação poupados
em camisas empapadas de suor
atingiram o estado líquido da enxurrada.
O quarto misturou-se com a sala,
e foi atirado ladeira abaixo
seus moradores; como visita indesejada
rapidamente foram escorraçados
e postos para fora altas horas da noite.
Nem a lua nem estrelas a contemplar
este despejo avisado há meses
apenas o teto escuro sem luzes
do céu de nuvens negras.
Ao menos se pudessem ver o Cristo
e saber se algumas dessas gotas
eram as lágrimas do Redentor
a chorar por seus desabitados filhos.

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