Esta noite vi o céu. Estava lindo, mesmo sem estrelas. Havia um rosado em anéis que circundavam o espaço dele, misturando-se às espirais azuladas que passavam por suas vagas. Às vezes olhamos tanto para baixo que esquecemos de olhar para o teto natural que cobre nossas cabeças todos os dias.
Tomo um chá e recebo a brisa que corre o fim da noite em meus cabelos. Descobri que há mais gente acordada na madrugada do que eu esperava. Na rua passava um rapaz de bicicleta, destas cargueiras, porém ainda vazia. No prédio ao lado alguém perdera o sono como eu. Será que também olha o céu.
Foi preciso uma noite de insônia para que eu parasse e visse o céu. Deus ainda foi bom comigo, afagou minha pele e meus cabelos com sua brisa suave. Deixei os cabelos soltos para melhor aproveitar o vento. Eles também estavam espiralados como as nuvens do céu.
A folha insiste em virar com o vento, mas não quis usar o computador, quis escrever à mão e olhar um pouco mais o céu. E nesse silêncio do céu senti um pouco de paz, em meio ao furacão que eu mesmo causara durante a semana. Gostaria de ser pacato como um céu em seu vestido de noite.
Lembro-me de algumas ocasiões em que vi nascer o sol nascer. Uma delas foi quando fiquei na fila do posto de saúde para pegar um consulta médica, e ali com aquela gente simples experimentei a comunhão dos justos em meio à injustiça. Corpos enrolados em cobertores, uma mão caridosa a passar o chá e as desgraças sendo partilhadas com risos como se fora um doce filme de Hitchcock.
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