terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Esaú e Jacó

Ao entrar na cidade ouvi vozes antigas, de outras épocas inomináveis a sussurrar atrás das árvores.

Brotavam olhares estranhos a me espiar, a reprovar a volta do filho pródigo, que caminhava para o sacrifício.

Entrei em casa e anunciei minha chegada. Um brilho voraz partiu da escuridão e rachou meu crânio em dois.
Estava lavada ali a honra de um homem morto desde o princípio. Podia, agora, sentar-se à mesa adornada com a toalha branca e degustar seu prato favorito: uma quente sopa de lentilhas.


O velório durara anos. Mas hoje é tempo de festa e dia de atirar ao longe a roupa fúnebre de quando vira partir o irmão com sua primogenitura, colocar uma sandália nos pés um anel na mão. 

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