quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O corpo que ora vês

O corpo não tem mais a exuberância
dos verdes anos.
Fiz-me grande demais para caber
no limitado espaço de braços e pernas.
O corpo que ora vês, que ora experimentas
está livre de medos, infenso ao tempo
oferece-se vazio de vaidades, honesto,
e é apenas parte de mim que encontrarás nele.
Hoje as palavras abundam e falam mais
que esses poros de onde brotam pelos e suor.
Tenho a alma leve, livre do corpo
que carregou por anos.
Oferto-te um corpo enfraquecido pelo tempo,
porque de mim pode-se ter mais
do que essa sombra física, que é o espectro
de nossa passagem pela terra.
O Universo que há em mim não cabe
nos meus um metro e setenta e nove centímetros,
mas é o único que podes ver
porque com meu corpo é que me apresento
a ti, despindo-o de todas as convenções
de estética e moda presumíveis.

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