Caí em mim, ou caí de mim?
Ainda não sei!
Caio no mundo
vadio e vagabundo,
despido de mim,
livre de tudo.
Sou eu e mais ninguém
como sempre foi
e nunca deixará de ser.
Caí em mim e que tristeza seria
se tivesse me dado de doer a consciência.
Caí em mim e caí de mim
ambos os tombos doem-me n'alma,
mas confesso que muitos deles
me fizeram feliz, de rir um riso solto
largo e sem fim, um riso de janelas abertas
decido a ser eu e mais ninguém.
Caí em mim ou caí de mim?
O que importa, se o mundo é amplo
e a alma não cabe no corpo de sonhar.
domingo, 26 de novembro de 2017
Algo oculto
Há algo oculto em algum lugar do mundo,
que não caberá nas palmas das mãos
e se encaixará como uma luva em dia de inverno.
Há algo oculto, que ainda não se nomeia
nem tem as formas definidas,
mas que nos aguarda sem saber.
Há algo oculto em algum lugar do mundo que brilha;
ainda se desconhece sua luz
nem por isso deixa de iluminar.
Há algo oculto que por capricho do destino
ou do tempo ainda não foi contado.
Há algo oculto na curva da estrada
esperando para nos seguir em viagem.
Ainda não sabemos e está lá nos aguardando
desde o dia em que sem saber
que este mundo existia, nele aportamos
desamparados em choros e amparados entre sorrisos.
Há algo oculto na beira do caminho
que nos aguarda toda uma vida.
Ainda não se nomeia, nem tem formas;
já ilumina, mas não vemos,
que está lá, oculto, esperando-nos
como a flor, que bela, sabe
um dia será colhida.
que não caberá nas palmas das mãos
e se encaixará como uma luva em dia de inverno.
Há algo oculto, que ainda não se nomeia
nem tem as formas definidas,
mas que nos aguarda sem saber.
Há algo oculto em algum lugar do mundo que brilha;
ainda se desconhece sua luz
nem por isso deixa de iluminar.
Há algo oculto que por capricho do destino
ou do tempo ainda não foi contado.
Há algo oculto na curva da estrada
esperando para nos seguir em viagem.
Ainda não sabemos e está lá nos aguardando
desde o dia em que sem saber
que este mundo existia, nele aportamos
desamparados em choros e amparados entre sorrisos.
Há algo oculto na beira do caminho
que nos aguarda toda uma vida.
Ainda não se nomeia, nem tem formas;
já ilumina, mas não vemos,
que está lá, oculto, esperando-nos
como a flor, que bela, sabe
um dia será colhida.
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Findamentos
Finda o dia
assim como a noite
como a vida, como o gozo,
a juventude e o amor.
Finda o que é bom
e o que é mau;
a alegria e a tristeza.
Finda a espera,
esse tempo inerte
de angústias e expectativas.
Só não finda a fome
por mais vida, por mais amor,
essa língua de fogo
que a tudo devora
e pede mais, mais e mais;
e vamos entregando a ela tudo
o que nos resta de vida
até o último fio
que nos prende à corda do tempo.
Finda, tem de findar: o dia, a noite,
a vida e todos os sonhos
até os absurdos e jamais revelados
assim como a noite
como a vida, como o gozo,
a juventude e o amor.
Finda o que é bom
e o que é mau;
a alegria e a tristeza.
Finda a espera,
esse tempo inerte
de angústias e expectativas.
Só não finda a fome
por mais vida, por mais amor,
essa língua de fogo
que a tudo devora
e pede mais, mais e mais;
e vamos entregando a ela tudo
o que nos resta de vida
até o último fio
que nos prende à corda do tempo.
Finda, tem de findar: o dia, a noite,
a vida e todos os sonhos
até os absurdos e jamais revelados
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Mãos
Mãos que arranham,
agarram-se ao infinito
e tentam tocar o céu.
São ligeiras, rápidas de sentimentos
e com elas se escalam as montanhas
que surgem sobre o nada.
Mãos que cheias de desejos
desfiam o tecido do corpo
desenhado na imaginação.
Mãos que sobrevoam a face do abismo
recebendo-a na concha das palmas
em cálice de oração.
Mãos que se entrelaçam no truque
mágico da união entre os corpos
e fazem do sexo amor e do amor eternidade.
Mãos que não podem falar
e nem devem sussurrar sobre seus caminhos,
desenham novos mapas, novas rotas de fuga,
descobrem inusitadas geografias
e povoam o mundo de carícias brandas.
Mãos que fazem do corpo campo
e semeiam no terreno árido
das frustrações, as sementes da esperança.
Mãos que aguardaram anos de espera,
habitaram Ítaca, estenderam-se aos infernos
à espera do poeta
e fizeram uma guerra de dez anos.
Mãos impossíveis de se esquecer
mãos que na vigília noturna
desconhecem do autor a face
que se eleva em oração.
agarram-se ao infinito
e tentam tocar o céu.
São ligeiras, rápidas de sentimentos
e com elas se escalam as montanhas
que surgem sobre o nada.
Mãos que cheias de desejos
desfiam o tecido do corpo
desenhado na imaginação.
Mãos que sobrevoam a face do abismo
recebendo-a na concha das palmas
em cálice de oração.
Mãos que se entrelaçam no truque
mágico da união entre os corpos
e fazem do sexo amor e do amor eternidade.
Mãos que não podem falar
e nem devem sussurrar sobre seus caminhos,
desenham novos mapas, novas rotas de fuga,
descobrem inusitadas geografias
e povoam o mundo de carícias brandas.
Mãos que fazem do corpo campo
e semeiam no terreno árido
das frustrações, as sementes da esperança.
Mãos que aguardaram anos de espera,
habitaram Ítaca, estenderam-se aos infernos
à espera do poeta
e fizeram uma guerra de dez anos.
Mãos impossíveis de se esquecer
mãos que na vigília noturna
desconhecem do autor a face
que se eleva em oração.
domingo, 5 de novembro de 2017
No céu de João tem um gigante
Falta pão
e o menino João
sonha com seu pé de feijão.
Seu canto não vem dos Andes,
não tem o condor de Neruda,
vem de baixo, das sarjetas,
das periferias esquecidas,
onde o pão é escasso
e o ovo, de gema amarela,
como um lindo sol a sair das nuvens,
às vezes, estala na frigideira.
Dizem que ele é feliz
tem bolsa família
e seus pais são vagabundos.
Seu irmão é desnutrido,
provavelmente morra
antes de completar dois anos
e sua mãe abortou algumas vezes.
João já conheceu três pais,
nenhum deles quis ficar.
Talvez, por suas pernas finas,
pensa João.
Não será jogador de futebol
nem servirá de avião ao tráfico.
Impossibilitado de pagar o alimento
seu sustento de todos os dias,
João come pouco
e desfalece ao sol do meio dia.
Aperta nas mãozinhas dois pequenos
grãos de feijão.
Imagina que no céu
o espera um gigante
de mãos enormes
que o colocará para dormir,
após um quente copo de leite.
Então, João abrirá a mãozinha
e lhe dará os dois feijõezinhos,
por deixá-lo ficar,
por lhe contar estórias de contos de fadas
antes de dormir.
No céu de João tem um gigante
ele não é mau
e o menino, embora pobre,
poderá pagar por sua comida.
e o menino João
sonha com seu pé de feijão.
Seu canto não vem dos Andes,
não tem o condor de Neruda,
vem de baixo, das sarjetas,
das periferias esquecidas,
onde o pão é escasso
e o ovo, de gema amarela,
como um lindo sol a sair das nuvens,
às vezes, estala na frigideira.
Dizem que ele é feliz
tem bolsa família
e seus pais são vagabundos.
Seu irmão é desnutrido,
provavelmente morra
antes de completar dois anos
e sua mãe abortou algumas vezes.
João já conheceu três pais,
nenhum deles quis ficar.
Talvez, por suas pernas finas,
pensa João.
Não será jogador de futebol
nem servirá de avião ao tráfico.
Impossibilitado de pagar o alimento
seu sustento de todos os dias,
João come pouco
e desfalece ao sol do meio dia.
Aperta nas mãozinhas dois pequenos
grãos de feijão.
Imagina que no céu
o espera um gigante
de mãos enormes
que o colocará para dormir,
após um quente copo de leite.
Então, João abrirá a mãozinha
e lhe dará os dois feijõezinhos,
por deixá-lo ficar,
por lhe contar estórias de contos de fadas
antes de dormir.
No céu de João tem um gigante
ele não é mau
e o menino, embora pobre,
poderá pagar por sua comida.
Talvez a poesia mude,
a vida perca o sentido,
o amor não exista
e todas as teorias do universo
conspirem contra o mundo,
mas o que não muda
é essa mania besta
de ser cotidiano,
de olhar para o espelho
todas as manhãs,
inclusive as indesejáveis
e saber que estou ali
mudo, diante do reflexo
que me contempla
e desaprova o que vê.
Também eu desaprovo o mundo,
mas ele continua girando, girando
em rotações e translações
que ignoram o destino humano.
Talvez e somente talvez
haja um sentido para a vida.
Porém, essa é uma hipótese
e nada mais diante
do infinito das possibilidades.
a vida perca o sentido,
o amor não exista
e todas as teorias do universo
conspirem contra o mundo,
mas o que não muda
é essa mania besta
de ser cotidiano,
de olhar para o espelho
todas as manhãs,
inclusive as indesejáveis
e saber que estou ali
mudo, diante do reflexo
que me contempla
e desaprova o que vê.
Também eu desaprovo o mundo,
mas ele continua girando, girando
em rotações e translações
que ignoram o destino humano.
Talvez e somente talvez
haja um sentido para a vida.
Porém, essa é uma hipótese
e nada mais diante
do infinito das possibilidades.
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Uma gota
Caiu um gota d'água
não uma gota d'água qualquer
dessas que se limpam com a mão
ou se enxuga do canto da boca.
Caiu última gota d'água
que fez o oceano transbordar
o copo derramar
e a paciência acabar.
Todo homem ou mulher
que se preze ou não
tem uma gota d'água
lá no mais íntimo,
que quando cai no coração
o faz faz transbordar para fora de si.
Um gota d'água, somente uma gota d'-água
é capaz de mudar o oceano
e tragar para dentro o pescador da manhã,
que desatento só vê a onda do mar,
inocente da gota d'água que o mata sem avisar.
não uma gota d'água qualquer
dessas que se limpam com a mão
ou se enxuga do canto da boca.
Caiu última gota d'água
que fez o oceano transbordar
o copo derramar
e a paciência acabar.
Todo homem ou mulher
que se preze ou não
tem uma gota d'água
lá no mais íntimo,
que quando cai no coração
o faz faz transbordar para fora de si.
Um gota d'água, somente uma gota d'-água
é capaz de mudar o oceano
e tragar para dentro o pescador da manhã,
que desatento só vê a onda do mar,
inocente da gota d'água que o mata sem avisar.
O corpo que ora vês
O corpo não tem mais a exuberância
dos verdes anos.
Fiz-me grande demais para caber
no limitado espaço de braços e pernas.
O corpo que ora vês, que ora experimentas
está livre de medos, infenso ao tempo
oferece-se vazio de vaidades, honesto,
e é apenas parte de mim que encontrarás nele.
Hoje as palavras abundam e falam mais
que esses poros de onde brotam pelos e suor.
Tenho a alma leve, livre do corpo
que carregou por anos.
Oferto-te um corpo enfraquecido pelo tempo,
porque de mim pode-se ter mais
do que essa sombra física, que é o espectro
de nossa passagem pela terra.
O Universo que há em mim não cabe
nos meus um metro e setenta e nove centímetros,
mas é o único que podes ver
porque com meu corpo é que me apresento
a ti, despindo-o de todas as convenções
de estética e moda presumíveis.
dos verdes anos.
Fiz-me grande demais para caber
no limitado espaço de braços e pernas.
O corpo que ora vês, que ora experimentas
está livre de medos, infenso ao tempo
oferece-se vazio de vaidades, honesto,
e é apenas parte de mim que encontrarás nele.
Hoje as palavras abundam e falam mais
que esses poros de onde brotam pelos e suor.
Tenho a alma leve, livre do corpo
que carregou por anos.
Oferto-te um corpo enfraquecido pelo tempo,
porque de mim pode-se ter mais
do que essa sombra física, que é o espectro
de nossa passagem pela terra.
O Universo que há em mim não cabe
nos meus um metro e setenta e nove centímetros,
mas é o único que podes ver
porque com meu corpo é que me apresento
a ti, despindo-o de todas as convenções
de estética e moda presumíveis.
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