A ansiedade da Poesia
me devora na ausência
das palavras que não coabitam
nos sentidos que desejo dar
aos espinhos que crescem no peito.
A Poesia é rocha intratável.
Esta pedra explode em faíscas
de amor e ódio florescidos
e o gesto brusco da mão estendida
é defesa de quem se vê desarmado.
Poesia, essa palavra rara,
pedra de polir sons das notas
musicais na garganta de quem crê
poder transformar em música
o Verbo da Criação seduzido
pela serpente espiralada, presa
por tantos séculos no jardim do Éden
à espera de um único homem nascer.