sábado, 28 de novembro de 2015

Descobri que te carrego dentro de mim
marca inexorável no bloco de cera d'alma.
Gestei-te em minhas entranhas estéreis como
a um filho que se carrega por nove meses!
Não! Por anos, longos anos te carreguei
e aquilo que julgava peso, hoje
deixa a ausência de partidas mudas
dos adeuses calados em noites sombrias.
A lenta gestação de ti teve um final
partida brusca; traumas de cacos de vidros
levantaram trincheiras dentro de mim.
E devorei cada estilhaço do amor
que deixaste para trás para reter a doce
azul lembrança de um desejo devastador
que nos arrastou por correntezas de
um rio que engoliu margens, rompeu
barreiras e desrespeitou a nós mesmos
na ânsia de sempre se avolumar mais.

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