sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Me gustan tus ojos



Me gustan tus ojos negros,
que se ponen como niño a jugar cuando me miran.
Me gusta tu pelo negro
a caer por tus hombros de distancia.
Me gusta tu sonrisa de felicidad,
como en mañana de primavera llena de flores.
Me gusta cuando me miras  sonriendo sólo con los ojos,
a imaginar cosas inimaginables de sueño perdido.
Me gustan tus manos cuando no pudiendo tocarme,
tocan las teclas de lejano sentimiento.
 Me gusta cuando tomas aliento y no dices nada,
 dejando al rostro la felicidad encarcelada de años.
Me gusta tu faz que me hace acordar cosas lejanas,
 que no sé si un día he vivido.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Pista escorregadia

Nos teus olhos de tempestade noturna
molhei minha alma.
Incontornável estrada sem volta,
peguei uma rodovia de mão única,
perdi todos os retornos possíveis.
E os teus olhos continuaram chovendo em mim,
embaçando minha visão. 
Não parei para ler as placas nem pedir informação.
Só segui o brilho negro de teus olhos,
deslizando na pista escorregadia,
em alta velocidade e sem cinto de segurança.


Quando me encontrei só
as palavras também fugiram.
Não se diz nada a si mesmo.
A solidão, plataforma de silêncio absoluto,
eco do nada, de voz nenhuma deixa
apenas gritos no passado,
vozerio de algazarras infantis,
pesando como pesadelos infinitos.
Como grita alto o silêncio dos quartos vazios.
Não escuto nada, mas como dói
o mutismo das paredes brancas
da cama arrumada, dos armários fechados.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Acerto de contas

Organizei a vida
fechei as contas,
esqueci de avisar a morte,
cobradora perfeita das dívidas,
que podia vir me buscar.
Aí, a ave piou em outras vizinhanças.
Adão se arrebentou contra o parabrisas;
Pedro partido foi ao meio pela serra elétrica;
Fenil como equilibrista bêbado despencou;
Amanda se enforcou;
João sofreu congestão;
Robinho alegre vida teve câncer;
Marciano deixou de respirar.
Restou eu na curva da rua vazia
ouvindo os pios em novas vizinhanças.

Mar

Mar, alegria de quem ama
tristeza de quem perde.
Não te pedirei para que silencies,
ouvirei o rugir de tuas ondas,
estilhaçando-se contra as pedras,
e verei a tua espuma de champanhe
brindando a areia com seus beijos.
Verei tua festa e me alegrarei contigo;
mesmo só, equilibrar-me-ei em tuas ondas,
e sentirei o salgado de tuas águas em meus lábios.
Deixarei que me cubras com tuas ondas
e não mais estarei só, estarei em teus braços.
Aí, Mar, serás alegria dos que partem
e tristeza dos que ficam.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Quero

Quero a poesia sem censura
descarada, safada, livre.

Quero a poesia que diz o indizível,
que não silencia, pois é despudorada.

Quero a poesia sem rima, livre,
orgíaca, promíscua, sem dono.

Quero a poesia sem dicionário,
livre das palavras cultas.

Quero a poesia do lixo, da boca do lixo
que não silencia por ter classe.

Quero a poesia grito, que arrebente
todas as pregas vocais e os tímpanos musicais.

Quero a poesia sem padrão,
que nos rouba e jamais nos devolve a nós.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Moisés e Miriã

Moisés era um menino muito religioso, vivia orando em seu quarto. Orgulho de seus pais pastores.

Miriã, não acreditava em Deus, porém invejava seu irmão e fingia orar todos os dias. 

Um dia os pais saíram a passear a deixaram seus filhos orando como sempre. 

Moisés teve uma visão e feliz compartilhou com sua irmã. Miriã, invejosa dele, ao ver seus pais chegarem, correu ao encontro deles e lhes contou que havia visto o Anjo do Senhor. 

Pela primeira Moisés sentiu ódio em sua vida. Naquela noite ele não orou. 

De madrugada, como o travesseiro em mãos, o herói do povo hebreu sufocou deliciosamente sua irmã.

Ao amanhecer, os pais estarrecidos se deram conta da morte da filha. Em prantos comunicaram ao filho aquilo que eles julgavam ser a morte do anjinho da família.

Moisés, porém, sentenciou secamente:
" - Jamais alguém viveu ao ver o Anjo do Senhor". 

Naquele dia Moisés conheceu o deserto.


Inspiração

Medito diante da página em branco,
sentimentos rondam incessantes,
pouca coisa serve para poesia.
Sentimentos me atormentam,
mas não servem para versos.
Fricciono a tampa da caneta
contra a lombada do livro.
Sintoma de baixa inspiração.
Inspire, expire, inspire, expire.
São apenas repetições, de nada servem,
continuo tenso agudo como antes.
Tensa é a poesia, tensa é a vida,
intensa é a dor, o terror de estar só.
A página em branco é sintoma
de solidão, até as palavras
me abandonaram e não mais
desfilam pela linhas do papel.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Fim de tarde

Nuvens neblinadas de cinza prata
cobrem meus olhos escuros de noite.

Céu laminado de luz qual navalha
entrebrilhante a rapar branca espuma face
em movimento retilíneos.

Desce cortando veia sangue
meu pescoço sanguinolento lento
lentamente, laminarmente a
esperança nauseabunda do nada.

Fatiamente em espirais a íris
descendo o vermelho sangue a
tingir as nuvens pratas de
céu brilhante em lascas chamejantes.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

No tabuleiro de tua saia
medito em como tomar tua rainha.

Antigo jogo da conquista,
percorre tuas pernas de marfim.

No balanço de tua saia,
encontro as ondas de meu sonho navegante.

Torno-me voyeur de tua negaça
deslizante pelas ruas e becos.

Sigo como hipnotizado
o quadriculado desfraldado em tuas ancas.

Porém, morro na praia dos prazeres
frustrado pelo fechar do portão detrás
de tuas costas amuralhadas.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Escultura

Pousado sobre tuas pernas qual psiquê de
olhos semicerrados a sentir eros,
gozo o toque de teus dedos
a delinear o esboço de meu rosto.


Amorinventado
flecha agudacerteira de dor.

Folhetim falsificado
de doce amarga página.

Invenção adunca do real
em sua curva convexa
reflete curvos lábios de grosseiros
vocábulos fremebundos esbarrocados
nos lóbulos maciosuaves das orelhas.

Arranha agudo com duplas unhas
minha garganta de chorodor
exalado pelas ventas esmorecidas
do amoruína romaria de triste pacalho
fim de velas apagadas
por teu sopro de fi..fi..fim...fim...m.mm.mm.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Covardia Masculina

Olhos ferventes de Capitu
refrão/chavão da covardia
masculina frente o goivo
bronzeado do prazer.

Traga-nos o dedo úmido
das falanges de Riobaldo
no verde dos olhos de Diadorim.

Anacruse de vozes enfronhadas
em noite de soluços e medos
medrosos da albalvorada
inaugurada pelo brilho do olhos
de Capituadorim.

Longínquo

Do desvazio de teus olhos
miramar sentimentos no horizonte;
memória, memory, memoire
de ondalas esvoaçantes sobre
o cumesperma da montanha invernosa.

Gotejaescorre lesmamente pela
rocha dura áspera de beleza pedra;

estilhaça contra o nu de tua íris
irisada pelo caleidoscópioforme
do arco-íris multifacetecolor do
lusco-fusco de teu mirramarescer.


Vulvaósculo

Ventre entre arrombre
bombe, lambe, ame.

Toque, sinta o tato das
gemas semideslizantes
pela rede negra úmida
pronta a rebentar
ávida por alimentar o desejo.

Animadesejo
idsexual
arfa... fa... fa... fa...
falo línguafalogocêntrica
a escorrer pelo abismo absinto
de lixo, luxo luxúria de
teu sexo... oh.... oh...oh...

sábado, 4 de janeiro de 2014

Herança Portuguesa

À noite em sua cama
sonha o poeta suarento
que seu pênis é uma espada.

Em delírio arromba virgens,
faz de seu pênis espada vingadora.

Síndrome de Don Juan:
arromba cabaços como se tomasse povos.

Pela manhã, ainda de falo duro
admite seu fracasso, acenando
com seu mastro à deriva no mar de lençóis.

Da ausência

A casa vazia
repercutia o eco de vozes distantes.

Há gritos calados
arrebentando os tímpanos da memória.

Vozes por sair
as cadeiras vazias
o sofá que ainda espera pelo sentar.

Assim estava a casa
com o bule de café sobre o fogão
as xícaras dentro do armário
e o reflexo dos porta-retratos
lembrando os que ali estavam ausentes.

Retrato ausente

Baloiça seu ca -
belo loiro esvoa -
çante sem brisa.

Olhos de amen -
dôa claros raros
que doa a falta deles.

A veias serpenteiam
pela pele branca de albastro
escorrendo pelos dedos
até o esmalte azul de tuas
garras que agarram-se ao meu peito.

Silhueta contra-luz
sombra de corpo
menina mulher oculta
na armadilha de teus contornos.


Saudade

Ausente: falso vocábulo;
ente presente.

Por que te chamas ausente
se estás presente?

Ironia do signo
que marca com a presença
a ausência.

Ausente...ente fantasmagórico
das horas mortas.

Há um tilintar de copos vazios
de pratos por lavar
de prantos anunciados
de falas suspensas
de vozes ausentes.

Por que dói tanto se não estás aqui?
Se estás ausente?


Dicionariamente

Segue-me dicionário
racionário
reacionário.

Persegue-me dicionário
Vário em beleza vária.

Do verbete verte verbosidade
Verborrágica, hemorrágica
Mágica da construção fatal, fetal
da lírica correta reta o reto.

Acaricia, acariciante, cicia, ciciante
a íris da tua perfeição, feição diante
de antes, iante dantes meus olhos.

Provocativo, faz-se vocativo
ativo ante meus olhos, a provocacionar
minha lira imperfeita, feita só de palavras
por ser só palavra, nada mais que lavras
da seara, arar das linhas em branco
do meu caderno de esculpir. 

  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...