Deite comigo esta noite!
Deixe o homem que conhece de fora,
esqueça seus títulos, seus pronomes de tratamento,
feche a porta atrás de suas costas
e espere encontrar nu o homem que deseja.
Ame-o com seus defeitos e suas falhas,
faça dele o que seu corpo desejar.
Deixe de espreitar a imagem pré-concebida
das paixões e devore o corpo à sua frente.
Deixe que nada mais reste além do prazer
das mãos que percorrem o corpo,
das bocas que brigam mudas num balé
ritmado de corpos em seus chiados,
suas derrapagens e seus atritos.
Não ame o homem que sonhou
ame o homem real, de carne, de ossos e de suor.
Deslize sobre seu peito desatenta
dos caminhos que sua boca possa percorrer.
Mas, antes de tudo, ame seu prazer, sua dor,
a dose de realidade que estende sob seu corpo,
cavalgue sobre o peito acelerado
e ao ritmo das batidas do coração
sinta-o ofegante parar por um instante.
Por fim, beba a dose de realidade
dos corpos que nus desabam sob o cansaço,
abraçados no mutismo da solidão
que são dois corpos após o coito.
quarta-feira, 13 de novembro de 2019
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