Inútil a vida como a morte
ambas não têm sentido
nem rumo certo.
A incerteza do futuro,
a incerteza do pós-morte.
A incerteza da inutilidade
que é pensar sobre a vida
e sobre a morte.
Inútil o dia como a noite,
inútil a poesia como o amor,
o sexo ou o futebol.
Inútil a literatura e o jornal,
ambos com suas ficções.
Inútil o alimento
que alimenta o corpo
e o engorda para a morte.
Inútil a música e os músicos
inútil o professor e o doutor,
todos inúteis em seus egos
descabíveis e minúsculos.
Inúteis as palavras
pesando sobre a língua
e sobre as consciências.
Inútil a filosofia e suas mil
formas de pensar a vida.
Inútil a história como a piada,
ambas risíveis e mentirosas.
Inútil o remédio que prolonga a vida
e retarda a inevitável morte.
Inútil a xícara quando se toma igual
o café em um copo americano.
Inútil a faca que corta a carne
quando uma dentada basta.
Inútil nossa hipócrita civilidade
que grita dentro de nós primitivos desejos.
Inútil o argumento
quando jamais mudaremos de opinião.
Inútil a pressa de chegar
se devagar chega-se ao mesmo lugar.
Inútil o corpo quente
quando se goza também sozinho.
Inútil a saudade
se ela se acaba com o encontro.
Inútil a verdade
quando muitos vivem felizes
com a mentira nossa de cada dia.
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
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