domingo, 24 de março de 2013

Dias de solidão e frio

Há dias que são frios. Mas são tão frios que nada nos aquece. Olhamos ao redor e tudo está gelado. As pessoas estão geladas, as ruas estão geladas, o coração está gelado.

Ainda muitos insistem que temos de ser feliz. Feliz como? Qual o motivo da felicidade? Tenho a impressão que a vida às vezes é uma comédia grotesca.

Há uma plateia que não vemos, nem conhecemos. Porém, ela ri de cada tristeza, de cada desgraça contada pelas pessoas.

Desemprego, fome, dívidas, relacionamentos familiares quebrados, falta de esperança, pessoas com câncer, bêbados dirigindo e matando as pessoas, traficantes seduzindo com o tráfico e matando jovens, tudo uma verdadeira delícia para esta plateia invisível que aplaude os fracassos das pessoas.

Vivemos enfermos, numa grande fila de hospital público, na qual cada um conta suas mazelas, delicia-se com pílulas para pressão alta, diabetes, colesterol, drágeas para combater depressão, coquetel para HIV, HPV e todos os tipos de doenças e dores possíveis.

Vivemos a época dos relacionamentos quebrados, nos quais não há verdadeira intimidade, tornamo-nos superficiais dentro de nossas casas, namoros e casamentos. Cada um vive seu mundo pequeno e infantil da era pós-moderna.

Os dias são frios, a solidão é grande; dias longos demais para viver, noites curtas demais para sonhar.

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