Obscena flor branca,
destituída de cheiros,
tuas hastes verdes
não sustentam do suor a vida.
Abrem-se as pétalas
que renunciam o chão;
eternas violam o tempo
dos relógios e das primaveras.
Flor brutal, animal calmo
que repousa dentro do vaso.
Desafia-me a olhá-la
sem cio, sem gozo
frio mausoléu antecipado.
Tenho o prazer da carne
a putrefação remidora
o adeus dos gozos terminados
a memória que te foi negada,
branca orquídea de plástico,
a tua indiferença te condena.
quarta-feira, 22 de abril de 2020
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2 comentários:
Poético. A flor de plástico é eterna. É um arremedo de vida, é a inexistência concretizada. Flor sem seiva. Uma flor de verdade é a flor que fura o asfalto.
Super!
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