Fechamos os olhos
para todos os genocídios.
Ruanda, Moçambique.
Congo, Angola.
Lavamos as mãos,
nos fizemos inocentes
comemos em pratos fartos
a dor de nossos esquecidos.
Desviamos os olhos dos corpos
mortos bestificados.
Bebemos a água pela metade
dos copos que tocamos,
enquanto muitos morriam
com a boca seca sedenta.
Dormimos inculpáveis
em travesseiros de penas
sem atentar para as cabeças
que sobre pedras adoeciam.
Hoje morremos pelo ar
os abraços foram impedidos
os corpos partem sozinhos.
Morremos sem ar
e nem todo oxigênio estocado
nos sacia a sede de vida.
Culpamos a tão distante
China de nossas infâncias.
Muitos são devorados
pelo medo e pelo pânico
de morrer isolados,
sufocados em uma sala
cercados por estranhos.
Os corpos voltaram a cair
e cada um cuida de sua rica
ou pobre vida.
O ar de outros genocídios
cobram o preço
de vidas ignoradas.
Caem Espanha, Itália,
França, Alemanha
Reino Unido e Estados Unidos.
Todos morrem pelo ar,
ainda vivendo o sonho da inocência
ignorados por um Deus que lhes castiga.
quinta-feira, 2 de abril de 2020
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