Obscena flor branca,
destituída de cheiros,
tuas hastes verdes
não sustentam do suor a vida.
Abrem-se as pétalas
que renunciam o chão;
eternas violam o tempo
dos relógios e das primaveras.
Flor brutal, animal calmo
que repousa dentro do vaso.
Desafia-me a olhá-la
sem cio, sem gozo
frio mausoléu antecipado.
Tenho o prazer da carne
a putrefação remidora
o adeus dos gozos terminados
a memória que te foi negada,
branca orquídea de plástico,
a tua indiferença te condena.
quarta-feira, 22 de abril de 2020
Assinar:
Postar comentários (Atom)
A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...
-
Difícil resumir em poucas linhas, quiçá em poucos parágrafos trinta e nove anos de vida. Nem de perto passou por minha cabeça essa possibil...
-
Ouvi em algum lugar que a cova ou a sepultura, se quiserem ser mais educados, é o fim de todos nós. A morte nos iguala, ricos ou pobres se v...
-
No começo era o verbo e foi uma falação sem fim, um palavrório de burburinho até que se fez o homem e a palavra nada pôde a partir daí. ...
2 comentários:
Poético. A flor de plástico é eterna. É um arremedo de vida, é a inexistência concretizada. Flor sem seiva. Uma flor de verdade é a flor que fura o asfalto.
Super!
Postar um comentário