Comprimo o
vazio com as mãos,
espremo o
ar entre os dedos
e sinto esse
vazio tão presente
a ocupar todos
os espaços.
Cada canto
de meu ser antes indivisível
agora se
preenche dessa ausência
que habita até
o limiar do corpo e da alma.
Percebo fragmentos,
partes de mim se soltam
e integram o
ar, tornando pesada a respiração.
O peito pesa
o tamanho intangível deixado
pelo espaço em
que cabia a imaginação
também de
uma outra ausência,
construída
de fantasias e focos de luz
que
desenhavam sobre a tela um rosto.
Esse mesmo
rosto não deixará de existir
está fossilizado
nos pigmentos de cores
em algum porta-retrato
esquecido sobre
uma estante
a contemplar o vazio
de uma outra
ausência anunciada, muda
inconfessável
como os segredos guardados
no silêncio que
lhes cabem.
Nesses vazios
somos você e eu de mãos dadas
e nada une
tanto quanto a ausência
quanto a
incerteza dos caminhos
que nunca
chegaram a existir.
Nela [na ausência] não há
espaço para despedidas.
Ali o mundo
se encerra e o tempo
não pode em
seus domínios
exercer o
poder do fim.
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