O tédio, sempre o tédio
diante do circo das relações,
da bajulação miúda dos namorados,
das desculpas que justificam
os atos solenes mais sórdidos.
Sempre a desculpa para o gozo,
sempre a escusa do amor
para o sexo entre os corpos.
E nesse roçar que é porosidade
passamos a vida enlaçando
braços e pernas na repetição
dos ponteiros do relógio,
que marcam o fim do gozo,
da ereção e, por fim, do amor.
E seguimos tecendo passados
nos intervalos entre um corpo e outro,
cavando com a pá do tédio
a cova rasa do amor
onde jazem enterrados os casais.