Eu sabia que ela viria
e, então, ela veio,
estendeu-me a mão
e qual trapezista ousado
lancei-me ao ar livre,
entrelaçando meus dedos aos dela.
E ela dançou e girou e rodopiou
diante da plateia de meus olhos.
Hipnotizado a segui
entre saltos e giros espiralados.
Eu sabia que ela viria
e, então, ela veio e passou,
deixou meus olhos
perdidos no vago espaço.
Mas ainda sinto o peso
de pluma de seus cabelos
apoiados em meus ombros.
Por isso, todas as manhãs
sento neste banco
e alimento doce esperança
de que ela volte
nem que seja um minuto
e eu a surpreenda
dançando e girando
e mesmo nesse instante de ilusão
eu repita a ousadia do trapezista
que um dia fui e no ar
entrelace novamente
meus dedos aos dela.