Há um céu azul
terrível lá fora.
Uma explosão de luzes
e cores intensas
inaugura a manhã
e entre augúrios espectrais
as folhas verdes das árvores
enormes acenam ao vazio.
E aqui dentro tudo
é tão cinza como o inverno.
Tremo diante desta bestial
vista azul celeste
que me desafia a tomar
outros ares de vida.
Acredito que sinto frio
chego a tremer de verdade,
fecho cego as janelas
e desço as cortinas.
Aqui dentro deste quarto
vivo meu inverno
livre das estações
e protegido do céu azul,
que me desafia do centro
de suas pupilas a viver ficções.