Para aquela a quem faltaram
os verbos e as palavras doces,
reinvento em brilhos da memória
a face incandescente do Amor.
A memória trai em suas verdades
os heróis derrotados nas batalhas.
Vencido no leito nas artes do amor,
cavalgo em lençóis como vencedor,
porque das dores por ti deixadas
carrego comigo a cicatriz
de teu corpo, marcada no sorriso
daquele que de teu leito teve o melhor
dos sabores, o maior dos prazeres.
Pincelo com as palavras na tela
das ausências o retrato mais belo,
que brilhou a eternidade do instante
nos recônditos espaços da mente.
Perfeito o quadro, raro em beleza,
torno-me contemplador e museu,
guardião de tua face que nas ondas
de ausências e presenças
é inevitavelmente sempre mais bela.