quarta-feira, 8 de maio de 2013

Morte ou vida?

Estes dias estava pensando sobre os grandes filósofos da história do mundo ocidental. Muitos deles não criam em nada e tinham uma visão crítica do mundo e de si mesmos. Alguns viveram infelizes e certos de que a vida de nada lhes servia; em nada lhes serviu o ceticismo ou o ateísmo como forma de crença, se é que seja possível aplicar este termo ao último conceito utilizado.

Alguns poetas, também ateus, viveram atormentados pelo fato de a vida ser passageira e nada restar do outro lado da vida, até porque para eles a vida não tinha outro lado, apenas este, aí o prazer do vinho passar com a chegada do fim da taça, ou o prazer ou o gozo como diz Drummond ser sempre no passado, a velha nostalgia do que passou e não volta mais, além do efêmero caráter até mesmo da libido aguçada e estimulada pelos toques e carícias.

Em resumo para quem nada dura ou dura pouco, todos prazer alcançado ou desfrutado é pequeno. Seja no copo de vinho, na tulipa da cerveja ou do chopp, aquele whisky gelado ou algumas horas num motel barato ou caro, o final do gozo será sempre a busca por um novo gozo em forma de cascata. O desfrutar de uma virgem será sempre o desfrutar de outra virgem ou não virgem, mulher experiente e cheia de negaça nas artes do amor livre; sempre se buscará o mais livre ainda.

No final das contas foram infelizes por motivos que não entendo. Afinal de contas será que morrer e ser queimado como um HD velho de computador e não restar mais nada é tão ruim assim? Pensem bem... morrer e esquecer toda esta terra, os fatos ruins, as frustrações, as covardias, os medos, as decepções, isto seria um sonho, fechar os olhos e saber que simplesmente acabou, isso seria a verdadeira felicidade, o verdadeiro gozo, o término da  vida num piscar de olhos.

Acho que isso chocaria qualquer espírita, que além de crer que há vida do outro lado, ainda acredita que pode voltar aqui na terra e viver de novo para purgar suas culpas. Isso sim é ser infeliz, nascer de novo, crescer, ter de passar por todas as primeiras vezes da vida. Encher-se se traumas e frequentar igrejas ou consultórios de psiquiatras para sentir-se melhor.

Aí está o verdadeiro sentimento de culpa. O "ser" além de já ter se ferrado 30, 40, 60 ou 70 anos nessa terra pede para voltar e se ferrar mais outra quantidade desta. Esse é um legítimo brasileiro ou um legítimo cidadão do terceiro mundo. Viveu a vida toda na periferia do mundo e agora quer voltar ao lixão para continuar revirando-o agora com outro corpo.

Acho que estes filósofos ou poetas que sofreram por acreditar que a vida acabaria aqui, na verdade, queriam é admitir que acreditavam na vida eterna e que gostariam de estar errados, que ao chegar do outro lado houvesse um Deus que os abraçasse e lhes dissessem sejam bem vindos, compreendo sua dor e quero saná-la, mas foram covardes os suficientes para admitir que lá no seu mais íntimo eles queriam a vida eterna e que seu pretenso desespero pela vida que passa não é infelicidade com a vida, mas é um forte apego à ela, até mesmo uma revolta por de certo modo acreditarem  que ela não continuaria do outro lado.

ENFIM, este filósofos ou poetas não sabia e jamais souberam o que queriam. Secaram taças e taças de vinho depressivos por achar que a vida acabaria. Se fossem verdadeiros, simplesmente, estariam cada dia mais felizes ao ver a morte se aproximar, por saber que estava chegando o dia de toda a memória desta vida se apagaria e que eles deixariam de existir.

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  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...