quarta-feira, 28 de outubro de 2020

I

Queria declamar um poema
fazer-te minha ouvinte
e onde não podem chegar as mãos
chegaria minha voz.

Esta voz que imigra 
que quebra os silêncios
viajaria por teu corpo
de pétala entreaberta.

E os sons subdivididos
em sílabas átonas e tônicas
quebrariam em tua boca
como quebram as ondas do mar.

Queria declamar-te um poema
grande, enorme, assustador
que não cabe em minha boca
e por isso te estenderia as mãos
cheias de versos e sons
como um ramalhete de flores.


  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...