Somos aqueles que se desencontraram
que não tomarão café juntos
nem compartilharão a cama pela manhã.
Somos aqueles a quem a vida
[ou nós, quem vai saber]
dissemos não às possibilidades e aos medos.
Somos aqueles que não andarão de mãos dadas
nem trocarão carícias ao cair da tarde,
que não disputarão a última fatia de pão sobre a mesa.
Somos aqueles que não brigarão pela disposição
dos pratos nem divagarão sobre o tubo de creme dental.
Somos aqueles que não contemplarão a lua
nem saberão do calor dos abraços nas noites frias,
que dormirão à espera do milagre.
Somos aqueles que não compartilharão as leituras
nem discutirão por bobagens para se reconciliar depois.
Somos aqueles que não enviarão flores nos dias dos namorados
nem darão presentes no Natal ou trocarão chocolates na Páscoa.
Somos aqueles a quem a chegada já trazia o sabor das despedidas
e dos inevitáveis desgastes dos adeuses.
Somos aqueles que ficarão no passado
e que apenas à sombra da memória
distribuirão beijos e carícias.
Mas, sobretudo somos aqueles a quem
as palavras de amor foram insuficientes
diante das tragédias da vida.
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
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2 comentários:
Somos todos esses e também os que desconhecemos.
De todos os seus poemas, este é o que mais gostei.
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