A última vez que vi Teresa
ela chorava de olhos esbugalhados
e vermelhos como duas brasas vivas.
Conhecera ela a dor oculta das chegadas
que inauguram as inevitáveis partidas.
Ao contrário....
da vez primeira em que vi Teresa...
Ela ria aos potes e todo seu rosto
afundava-se num riso transbordante
como se seu rosto não tivesse limites.
Suas pernas ginastas flutuavam no ar
e eu pensei que Teresa fosse apenas pernas.
Assim, caminhei em direção a Teresa....
e de pernas para o ar é que Teresa
virou meu mundo.
Foi assim, como nos eram uma vez
A vez primeira em que vi Teresa...
sem expectativas, sem medos
sem receios das inevitáveis partidas.
quinta-feira, 31 de outubro de 2019
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Tempos sombrios
Uma noite a mais
um dia a menos
no calendário dos compromissos.
De mãos dadas
veem o tempo passar,
as certezas se diluírem
e o armário de sombras
a crescer-lhes dentro do peito.
Somos aqueles
Somos aqueles que se desencontraram
que não tomarão café juntos
nem compartilharão a cama pela manhã.
Somos aqueles a quem a vida
[ou nós, quem vai saber]
dissemos não às possibilidades e aos medos.
Somos aqueles que não andarão de mãos dadas
nem trocarão carícias ao cair da tarde,
que não disputarão a última fatia de pão sobre a mesa.
Somos aqueles que não brigarão pela disposição
dos pratos nem divagarão sobre o tubo de creme dental.
Somos aqueles que não contemplarão a lua
nem saberão do calor dos abraços nas noites frias,
que dormirão à espera do milagre.
Somos aqueles que não compartilharão as leituras
nem discutirão por bobagens para se reconciliar depois.
Somos aqueles que não enviarão flores nos dias dos namorados
nem darão presentes no Natal ou trocarão chocolates na Páscoa.
Somos aqueles a quem a chegada já trazia o sabor das despedidas
e dos inevitáveis desgastes dos adeuses.
Somos aqueles que ficarão no passado
e que apenas à sombra da memória
distribuirão beijos e carícias.
Mas, sobretudo somos aqueles a quem
as palavras de amor foram insuficientes
diante das tragédias da vida.
que não tomarão café juntos
nem compartilharão a cama pela manhã.
Somos aqueles a quem a vida
[ou nós, quem vai saber]
dissemos não às possibilidades e aos medos.
Somos aqueles que não andarão de mãos dadas
nem trocarão carícias ao cair da tarde,
que não disputarão a última fatia de pão sobre a mesa.
Somos aqueles que não brigarão pela disposição
dos pratos nem divagarão sobre o tubo de creme dental.
Somos aqueles que não contemplarão a lua
nem saberão do calor dos abraços nas noites frias,
que dormirão à espera do milagre.
Somos aqueles que não compartilharão as leituras
nem discutirão por bobagens para se reconciliar depois.
Somos aqueles que não enviarão flores nos dias dos namorados
nem darão presentes no Natal ou trocarão chocolates na Páscoa.
Somos aqueles a quem a chegada já trazia o sabor das despedidas
e dos inevitáveis desgastes dos adeuses.
Somos aqueles que ficarão no passado
e que apenas à sombra da memória
distribuirão beijos e carícias.
Mas, sobretudo somos aqueles a quem
as palavras de amor foram insuficientes
diante das tragédias da vida.
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
O riso
O riso
é a expressão dolorosa do tempo
em que havia motivos para sorrir.
Deitado, contemplo o nada
e um rictus desenha sobre o espelho
de minha face
o lastro de um tempo intangível
que só avança, desenrolando
o novelo de minha vida,
esticando cada vez mais o longo
fio de Ariadne.
domingo, 6 de outubro de 2019
Reflexos
Sou um grito surdo no meio da noite.
Paulo Honório ouve pios de coruja,
Bentinho vê os olhos de Escobar
e me pergunto de quem herdei
a mania de ouvir passos no escuro
e ver vultos detrás das cortinas?
Sondo a mim mesmo no jogo
silencioso dos reflexos.
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