sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O poema que ainda germina
dorme no fundo do corpo
despreocupado da mão
de quem o escreve.
Está ali, no vazio, na solidão,
todo silêncio e percepções.
Sinto-o e é como se não quisesse
deixá-lo desgarrar de mim.
Invento motivos banais
leituras enviesadas
para evitar que os dedos grávidos
deem à luz [na folha em branco]
a um poema inocente.
O poema não tem culpa de quem o escreve
não quer ser poesia,
não quer esse peso sobre seus ombros.
Então, acaricio-o, deixo ficar
fecho os olhos da realidade
e abro os olhos da fantasia
e o poema criança
[menino ou menina, que importa]
salta e corre livre na grama seca
como se ali houvesse um jardim
e as flores atraíssem as borboletas.

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