terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Buenos Aires

Depois que retornei de Buenos Aires fiquei sonhando com a capital bonaerense por uma semana. Todas as noites era como se eu passeasse novamente pelas ruas largas, vendo os prédios antigos e cheios de história incrustadas em suas velhas paredes de concreto.

Minha primeira visão da cidade não foi muito agradável, senti-me num bairro de São Paulo cheio de camelôs e pessoas vendendo de tudo que se pudesse imaginar.

No entanto, chegar ao Hotel Mundial, na Avenida de Mayo, foi uma ótima surpresa. Cruzei a Nueve de Julio em duas etapas, enquanto isso admirava as ruas vazias da véspera de ano novo. Quase um feriado na cidade. Isso permitiu-me olhar atentamente o Obelisco que se erigia do solo argentino a penetrar os céus com sua forma pontiaguda. Do lado oposto um Don Quijote com seu Rocinante tentavam sair de uma forma branca de concreto a lembrar eternamente a grande aventura que ainda é lutar contras os moinhos de vento na América Latina.

Hotel antigo, quadro com dançarinos de tango e, ao fundo, não..não estava a Casa Rosada, estava a Torre Eifeil, mas tudo bem, deslocamentos que nos permitimos a chegar à decadente Europa na parte sul do continente americano. No demais, o hotel me dava a sensação de uma Buenos Aires antiga, estacionada no tempo.

Os cafés também ajudavam nessa visão década de 1930 da capital argentina. Velhas cadeiras, mesas, piso antigo, paredes decoradas rigorosamente com papéis que já não existem mais. Um piano, espaço para se tocar o tango e dançá-lo. Ali a menos se pode ler e tomar um café até que este esfrie no fundo da xícara e retomar as notícias do dia, sem pressa, lento, como se a correria da rua não afetasse essas bolhas do tempo.

Lá fora, estavam as famílias que vivem nos carrinhos de compra, guardam suas mantas e as poucas roupas que tem e saem empurrando-nos pelas belas ruas bonaerenses. Pessoas que dormiram em barracas improvisadas na Plaza del Congreso, como se ali esperassem pela justiça. Outras por falta de espaço em tão cobiçado solo dormem embaixo dos bancos mesmo, encolhidas na pequena e mesquinha economia da dama Kirchiner. O bancos das avenidas servem de ampla mesa aos argentinos que comem pedaços de pizza ou um "panchito" ruim, recheado com uma velha salsicha e um pão.

Lá existe uma campanha. Volte à época das cavernas. Bárbaro. A maioria dos restaurantes cobram uma taxa pelos "cubiertos", isso mesmo, quer talher, pague aí entre seus 10 a 15 pesos, caso contrário, não perguntei, mas acredito que o "mesero" te peça para comer com a mão...

No entanto, Buenos Aires ainda vale a pena, na próxima postagem eu continuo, pois aqui já corro o risco de que ninguém me leia mais .....



2 comentários:

Miro disse...

Gostei...
como é bom viajar, né meu amigo?
Abs,
Miro

Anônimo disse...

Que delícia ler seu texto, Weslei. Saboreei cada linha.
Escreva mais!
Grande abraço,
Andréia

  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...