sexta-feira, 22 de março de 2024

 Onde a poesia?

Desço a este inferno mudo das palavras

que se calam diante dos fatos.

Emudecidas estão diante do horror cotidiano

da fome, da violência, da política.

Onde o poeta?

Esse ser que se arrisca entre as ruas

tropeçando na indiferença das pessoas.

As avenidas são binárias

as ruas seguem um único sentido

e todos estão de costas.

Torço para que brote do asfalto uma flor

que gentil alguém abra a janela

e escute em sua homenagem uma serenata invisível.

As crianças estão engaioladas nos parques infantis

Não se escuta nas ruas os gritos ardidos dos pequenos seres de sonho.

Submersos estamos no pesadelo

ninguém mais contempla o sol amarelo

todos usamos filtros solares

e em cápsulas tomamos a dose diária de serotonina

todos sorriem encabulados

e dizem ser o Alzheimer a doença do século.

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