Nua oferecia-se ao sol
deitada em sua espreguiçadeira.
O gato ronronava mistérios,
os pombos arrulhavam tristemente.
Jovem rei, já de mulheres servido,
passeava pelo pátio do castelo,
quando seu olhar, mais quente que o sol,
abrasou a pele de Bate-Seba.
Aquecida pelo olhar antecipava volúpias
que os brancos lençóis revirados no futuro
cantariam a traição de Davi.
Sou tua, és minha,
o sino do coração bateu no peito de ambos amantes.
Às costas de Urias, Davi e Bate-Seba
praticaram diante dos olhos do Senhor
o famoso adultério.
Davi era Rei, Urias era servo,
Bate-Seba escolheu o Rei
e deu a seu futuro filho,
não o primeiro,
o trono de de Israel.
Urias, no campo de batalha, morreu.
Davi, livre, mandou buscar Bate-Seba
que já lhe era mãe de seu filho.
Casal feliz, sem saber dos desígnios do Senhor,
deitava em brancos lençóis a derrota de Urias.
Porém, Deus ciumento de seu escolhido,
pediu a conta do adultério
e mesmo com vestido de pano de saco
e cabeça coberta de cinzas
Deus retirou de Davi a promessa do filho amado.
Porém, Davi era Rei e Urias era servo.
Pouco tempo depois, revirando novamente lençóis,
aos olhos das esposas preteridas,
Bate-Seba anuncia nova gravidez,
não lhe escapasse o marido conquistado por falta de filhos.
Davi era Rei e Urias era servo,
jamais seria tão longa a ira de Javé.
Novo filho, novo reinado,
o casal feliz, contas pagas ao Senhor,
ofereceu a Israel o jovem Salomão,
Rei sábio e de muitas mulheres
encobriu o pecado do famoso pai,
apagou a história da mãe,
afinal Davi era Rei e Urias era servo.
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