terça-feira, 14 de setembro de 2021

Percursos

Tenho as veias dilatadas

e um rio branco-vermelho

corre pelas margens de meus olhos.

Sou errante pelo caminho da vida

dou murros em pontas de facas

abro canivetes, soo a ameaças

e durmo solitário com a cabeça

em uma pedra.

À noite, porém, não tenho a escada de Jacó,

não subo aos céus, nem vejo Deus.

Choro solitário à beira do Rhône

e minha vida corre com as águas.

O passado espanca-me aos berros

enquanto eu, calado, colho pedras

com um sorriso nos lábios.

2 comentários:

Professora Neuza Brazil disse...

Adorei... sofri contigo durante a leitura...

Unknown disse...

Não sei se acontece com todos os leitores, mas sempre me enxergo/me identifico com as emoções e desajustes do eu lírico de suas poesias. Parabéns! Um abraço.

  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...