É tempo de mãos dadas
de ombros largos
de olhares solidários
de ser o Outro
de ver o Outro em nós.
É tempo de amor
mesmo que haja a dor.
É tempo de confortar
e de se aconchegar
em quem está ao teu lado.
É tempo de expandir:
o coração
a mente
as mãos,
que de palmas largas,
aprendem a acolher.
É tempo de se recolher
mas não de se encolher.
É tempo de poesia
porque a poesia
não pode esquecer
o irmão desconhecido
que no hospital dorme
e sozinho agoniza.
Que minha poesia
não seja egoísta
porque é tempo de mãos estendidas
e olhares carinhosos.
É tempo de morte
e de luta pela vida.
É tempo de se desfazer
dos falsos apertos de mãos
e de ter gestos maiores que os abraços.
É tempo de lutar contra o tempo
e não estar de mãos vazias.
Que eu não caminhe só e cabisbaixo
mas que em vigília carregue o andor
do terço de nossas feridas.
É tempo da poesia ser uma oração
e a oração uma poesia que nos livre
momentaneamente
do trágico fim que nos espera.
sábado, 21 de março de 2020
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2 comentários:
Muito bonito, parabéns!
É tempo. Poesia oportuníssima para o momento. Um alento para os oprimidos.
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